Educação
nutricional
Cristiane
Grando
Escritora,
tradutora, doutora em Letras (USP) e docente na Universidade Federal
da Integração Latino-Americana (UNILA)
“Para
o dia-a-dia, procure servir receitas simples com ingredientes
frescos, frutas, legumes, verduras e grãos, que são importantes
fontes de nutrientes. Não exagere no consumo de carnes e varie
sempre a carne a ser servida. Ofereça peixes e frutos do mar pelo
menos uma vez por semana.” segundo o livro “Dona
Benta: comer bem”
“Dona
Benta: comer bem”, livro tradicional da culinária brasileira
ensina: Entre
comer e saber comer existe uma grande diferença. É erro supor que a
escolha, a confecção e o arranjo dos pratos possam ser feitos
arbitrariamente, sem levar em conta as condições e as necessidades
orgânicas. Além da estética, a refeição deve ser balanceada,
oferecendo proteínas, carboidratos e vitaminas; os cardápios devem
unir sabor, aroma, apresentação e qualidade nutricional.
A
palavra “nutricional” se refere
à “nutrição” e “nutritivo” segundo o “Dicionário
Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa”. “Nutrição”
é “fonte
de sustento; alimento”, o “conjunto
de processos através dos quais um organismo absorve e assimila os
alimentos”. “Nutritivo” é o “que
nutre, que tem a propriedade de nutrir, de alimentar”. Exemplo: “o
poder nutritivo do feijão”. Pela correria, alguns brasileiros têm
deixado de lado o hábito saudável de comer feijão com arroz todos
os dias, acompanhados de carne, peixe e/ou ovo, saladas e/ou legumes.
“A
boa alimentação requer o uso das verduras. Associados à carne e ao
pão [ou arroz com feijão], os vegetais facilitam a digestão por
seus sucos, além de atuarem como excitante pelos sais que contêm”
- segundo o Dr. Proust, citado em “Comer
bem”.
Sobre o consumo da cebolinha e das verduras, Sonia Hirsch afirma no
livro “Meditando
na cozinha”, publicado no Rio de Janeiro pela Editora Corre Cotia:
“o verde leva para dentro vitaminas, minerais e a preciosa
clorofila, que nutre e limpa.” Uma
dica é compor o prato com alimentos coloridos, pois, em geral,
resulta ser saudável, atraente, vistoso.
Aprendamos
com Gouffé, citado em “Dona Benta”: sem boas matérias-primas,
nem os maiores cozinheiros do mundo farão bons pratos. Aconselho
evitar comidas industrializadas e congeladas, açúcares e doces; é
melhor usar mel ou açúcar mascavo para adoçar. Ao acordar, o corpo
absorve mais os alimentos por ter ficado muitas horas em jejum. Por
isso, na primeira refeição do dia, devemos evitar açúcares e
consumir especialmente os nutrientes de que mais o corpo precisa, em
especial se apresenta alguma deficiência nutricional. Sigamos estes
sábios conselhos do livro “Dona
Benta”:
“Evite
a utilização de corantes e essências aromáticas. As frutas são
mais saudáveis e têm gosto e aroma mais pronunciados.”; “Nem
tanto ao mar nem tanto à terra, diz o refrão. Nem verde e nem
maduro demais. O fruto deve ser comido assim que chega ao estado de
maturação.”
Deixo
o convite aos que se dedicam a cozinhar: que escolham ingredientes
frescos e nutritivos; que busquem informações sobre nutrição em
leituras instrutivas. Segundo Sonia Hirsch, meditação é um jejum
mental, no qual se procura o não pensar. Por isso, cozinhar também
pode ser meditação. Para cozinhar é preciso três ingredientes:
paciência, entrega e atenção, o que dá margem a micromeditações
– enquanto você faz, não pensa, não julga; apenas observa.
Vídeos
e textos curtos sobre alimentação saudável:
“Deixa sair: a saúde é subversiva porque não dá lucro a
ninguém” de Sonia Hirsch <www.soniahirsch.com>; “Do campo
à mesa: você é o que você sabe sobre o que come” de Francine
Lima: <www.canaldocampoamesa.com.br>.
GRANDO,
Cristiane. “Educação
nutricional”.
Fique em Evidência.
Ed. 53, Ano 4. Cerquilho, dezembro de 2014,
p.32.