Consumo
consciente
Cristiane
Grando
Escritora
e tradutora. Doutora em Letras (USP), com pós-doutorado em Tradução
Literária (Unicamp). É Diretora do Teatro Municipal de Cerquilho.
O
ano passou rápido como o voo de um falcão-peregrino, a ave mais
veloz do mundo. Foi
com a velocidade de 320 quilômetros por hora que ele ganhou o título
de bicho mais rápido do mundo,
segundo a revista “Recreio” (www.recreio.com.br, 17/05/13).
Neste
ano, nossa bandeira será a do consumo consciente, tema a ser tratado
em próximos textos sobre educação alimentar e nutricional,
educação ambiental e educação em direitos humanos, por exemplo.
Nosso
desejo de consumo será cada vez mais intenso se nos deixarmos levar
pela onda de consumismo que nos ataca por todos os lados
constantemente. Como afirmam Flávio Tonnetti e Arthur Meucci em
“Miniensaios de Filosofia: Desejo, Vontade
& Racionalidade” (Editora Vozes): “Nosso desejo é exterior a
nós. Tudo que desejamos, na velocidade deste mundo moderno, nos é
imposto. Somos frágeis presas expostas às luzes e formas da
realidade recortada por outdoors,
tevês, cinemas e páginas de revista. […] Somos enfim escravos de
algo que desconhecemos, fabricados por outros cujo desejo, bem mais
forte que o nosso, nos ultrapassa.” Não seria o caso de repensar
nossa própria visão de mundo e de nos reeducarmos? Nós, mesmo
sendo adultos, se passarmos por constantes questionamentos da nossa
forma de pensar e de viver, com certeza trilharemos um caminho rumo à
felicidade pessoal e social, mesmo que seja momentânea, considerando
que a vida é feita de altos e baixos.
Ao
invés de sermos escravos do consumismo, podemos passar a ser donos
de nossas escolhas. Se posso dominar os meus desejos de consumo e
escolher comprar somente aquilo de que realmente preciso para o meu
bem-estar e dos que convivem comigo, serei um ser livre, apesar de
ser bombardeado todo o tempo por propagandas de consumo. É claro que
de vez em quando posso e devo me dar o luxo de sair da rotina, até
mesmo de consumir algum artigo que não seja essencial para a minha
manutenção. O importante é encontrar o equilíbrio. Mas é
fundamental estar atento: não deixar que as frustrações do
dia-a-dia, na velocidade acelerada em que vivemos, sejam compensadas
somente com compras ou comida. Se for uma compensação com compras,
corro o risco de estourar o meu orçamento; se for com comida, o
perigo é que eu afete a minha saúde.
Então,
o que posso fazer para compensar frustrações e até mesmo para me
premiar quando consigo algum avanço em meus estudos, carreira ou em
outros aspectos da minha vida? Ser sábio; pensar antes de comprar ou
de comer ao invés de comprar por impulso; escolher sempre o que me
proporciona qualidade de vida; não selecionar os produtos e
alimentos apenas pela quantidade; praticar atividades saudáveis,
recreativas, culturais, ao ar livre, como uma bela caminhada com
familiares ou amigos, um piquenique num domingo em companhia das
pessoas que amo. Muitas atividades não exigem nenhum centavo;
somente boa vontade, disposição.
GRANDO, Cristiane. “Consumo consciente”. Fique em Evidência. Ed. 42. Cerquilho, janeiro de 2014, p.30.