jueves, 9 de enero de 2014

Consumo consciente



Consumo consciente
Cristiane Grando
Escritora e tradutora. Doutora em Letras (USP), com pós-doutorado em Tradução Literária (Unicamp). É Diretora do Teatro Municipal de Cerquilho.


O ano passou rápido como o voo de um falcão-peregrino, a ave mais veloz do mundo. Foi com a velocidade de 320 quilômetros por hora que ele ganhou o título de bicho mais rápido do mundo, segundo a revista “Recreio” (www.recreio.com.br, 17/05/13).

Neste ano, nossa bandeira será a do consumo consciente, tema a ser tratado em próximos textos sobre educação alimentar e nutricional, educação ambiental e educação em direitos humanos, por exemplo.

Nosso desejo de consumo será cada vez mais intenso se nos deixarmos levar pela onda de consumismo que nos ataca por todos os lados constantemente. Como afirmam Flávio Tonnetti e Arthur Meucci em “Miniensaios de Filosofia: Desejo, Vontade & Racionalidade” (Editora Vozes): “Nosso desejo é exterior a nós. Tudo que desejamos, na velocidade deste mundo moderno, nos é imposto. Somos frágeis presas expostas às luzes e formas da realidade recortada por outdoors, tevês, cinemas e páginas de revista. […] Somos enfim escravos de algo que desconhecemos, fabricados por outros cujo desejo, bem mais forte que o nosso, nos ultrapassa.” Não seria o caso de repensar nossa própria visão de mundo e de nos reeducarmos? Nós, mesmo sendo adultos, se passarmos por constantes questionamentos da nossa forma de pensar e de viver, com certeza trilharemos um caminho rumo à felicidade pessoal e social, mesmo que seja momentânea, considerando que a vida é feita de altos e baixos.

Ao invés de sermos escravos do consumismo, podemos passar a ser donos de nossas escolhas. Se posso dominar os meus desejos de consumo e escolher comprar somente aquilo de que realmente preciso para o meu bem-estar e dos que convivem comigo, serei um ser livre, apesar de ser bombardeado todo o tempo por propagandas de consumo. É claro que de vez em quando posso e devo me dar o luxo de sair da rotina, até mesmo de consumir algum artigo que não seja essencial para a minha manutenção. O importante é encontrar o equilíbrio. Mas é fundamental estar atento: não deixar que as frustrações do dia-a-dia, na velocidade acelerada em que vivemos, sejam compensadas somente com compras ou comida. Se for uma compensação com compras, corro o risco de estourar o meu orçamento; se for com comida, o perigo é que eu afete a minha saúde.

Então, o que posso fazer para compensar frustrações e até mesmo para me premiar quando consigo algum avanço em meus estudos, carreira ou em outros aspectos da minha vida? Ser sábio; pensar antes de comprar ou de comer ao invés de comprar por impulso; escolher sempre o que me proporciona qualidade de vida; não selecionar os produtos e alimentos apenas pela quantidade; praticar atividades saudáveis, recreativas, culturais, ao ar livre, como uma bela caminhada com familiares ou amigos, um piquenique num domingo em companhia das pessoas que amo. Muitas atividades não exigem nenhum centavo; somente boa vontade, disposição.

Para iniciar bem o ano, brindemos com a Valéria Pilon: Saúde! Se beber, escolha bem e beba com moderação! E citando um texto seu publicado na revista “Fique em Evidência” de novembro de 2013, comecemos o ano com poesia, como o monge beneditino Dom Pérignon, o pai da champanhe, ao descrever a sensação de sorver essa bebida que teve sua origem numa região da França chamada Champagne, da qual emprestou o nome: “Parece que estou bebendo estrelas”.


GRANDO, Cristiane. “Consumo consciente”. Fique em Evidência. Ed. 42. Cerquilho, janeiro de 2014, p.30.